Mulheres Reflexões

Reflexão: casamento para a vida toda?

10/08/2017

Reflexão: casamento para a vida toda?

Casamento para a vida toda é possível?

Nas últimas semanas fui surpreendida por três casais que optaram por separarem-se. O que eles tinham em comum? Ambos tinham entre 20 e 30 anos de casamento, filhos e patrimônio. Então, por um instante, isso me fez refletir.

O que tem levado pessoas que passam uma vida a dois por tantos anos a separarem-se? Ou deveríamos perguntar: o que leva pessoas a se manterem juntas por tanto tempo em um casamento?

Quando ainda se é muito jovem, muitas pessoas optam por casar, constituir família na ilusão de que conseguirão resgatar e reparar “tudo” que não funcionou na família de origem. O pensamento mágico de que como protagonistas da “nova família”, tudo dará certo, desde que se faça diferente.

Eu, você e nós

Casar vai além de amor e sexo. A relação a dois exige de cada um dos cônjuges investimento diário e muito tato para lidar com aquilo que nos incomoda, com aquilo que nos parece tão estranho. Viver a dois oportuniza descobrir nossas próprias imperfeições e limitações mas também, alguns valores e a disponibilidade para ampliar e transformar o amor.

Separar-se após anos de convivência, provavelmente envolve questões individuais negligenciadas por cada um. No inicio, o casamento pode estar baseado no conceito de amor romântico, onde nesses moldes existe uma “fusão” como o principal sinal de amor. Um ou ambos praticamente renunciam à identidade pessoal, em favor de uma identidade conjugal, sacrificando qualquer coisa em prol do “bem amado”. O “Nós” como substituto do “Eu”. O “nós” que ganha força, planeja, se vê o tempo inteiro como único.

Com o passar dos anos, esse “Nós” não dá conta de suprir as necessidades individuais e dessa forma, o casal inicia um ciclo de crises e distanciamento, pois é impossível manter uma eterna coincidência de desejos e modo de pensar. Com isso, vão se somando ressentimentos mútuos, culpabilização, exigências e punições por não terem cumprido entre si o ideal de unidade perfeita.

O fim do casamento para as mulheres

Além disso, “os tempos mudaram”.

Separar-se, principalmente no caso da mulher, atualmente é bem mais aceito socialmente. E as mulheres lideram os pedidos de divorcio nos tribunais do país inteiro. Ou seja, as mulheres permitem-se a buscar uma vida mais feliz e/ou a encerrar ciclos de sofrimento. Homens entendem que não precisam mais ser os provedores solitários da família que constituíram.

Enfim, homens e mulheres têm buscado muito mais parcerias do que apenas a figura de alguém no seu papel conjugal. Não basta a denominação, a certidão, o status. Viver a dois exige trabalho e investimento.

Então, se você estiver casada, conseguindo driblar os percalços da vida cotidiana, não se deixe para trás, não esqueça que você é “Um” antes de tentar manter apenas o “Nós”. Lembre-se que antes de tudo, você é a principal responsável pelo que lhe faz bem, pelo que lhe faz feliz. Não atribua ao seu parceiro (a) o seu propósito de vida. Pois se ambos não desistirem de assumir cada qual suas buscas, talvez tenham chances verdadeiras de admirar e saborear juntos as conquistas individuais.

Obviamente, contamos com o apoio amoroso e amigo do nosso parceiro (a), mas apoio é diferente de você entregar as redias de sua vida a ele. Conviver a dois pressupõe também alegria, admiração, companheirismo, respeito, zelo etc.

O relacionamento tem que ser bom para todos

Cuide para não estender 20, 30 anos de casamento apenas pelos filhos, pela família, menos por você. E se pergunte todos os dias: É com essa pessoa que quero passar a minha vida? É com ela que quero envelhecer, dividir minhas conquistas, entregar o que tenho de mais nobre? Consigo sorrir ao lado dessa pessoa? Consigo confiar meu coração, desejos e sonhos? Se sim, vá em frente.

Por outro lado, se você estiver com alguém que te diminui, que não te apoia, não te reconhece, que te faz chorar, se magoar, ficar triste ou com raiva, faça como esses três casais que comentei no inicio desse texto: separe-se!! Se dê a oportunidade de buscar outros caminhos que te deixem bem. Abandone pares tóxicos, pois sua vida é única, breve e não precisa ser a base de sofrimento.

E se você for a parte do cônjuge que não aceita uma separação como alternativa para se livrar de um casamento ruim, pergunto: Qual a chance de ser feliz a dois quando apenas um quer que isso aconteça? É com alguém que não te quer que você acha que será feliz?

Enfim, nessa vida não importa se chegaremos ao final da jornada junto com alguém ou sozinhos, o importante é que nessa trajetória possamos ser mais leais e congruentes com o que sentimos e desejamos.

Gratidão!

Gláucia Rosalino
Psicóloga
instagram: kkrosalino
E-mail: glauciarosalino@gmail
Telefone: 48 999630855

Você pode gostar também

1 Comentário

  • Responder Virginia Sousa 19/09/2019 em 12:21 am

    chorei.

  • Deixe um Comentário